Por Ricardo Nóbrega | Maio 2023
“A vida é a arte do encontro”, já dizia o poeta Vinícius de Moraes. Nada como encontrar um amigo e contar uma experiência que tenha vivido ou assistido. Por mais simples que sejam, são essas conversas que nos aproximam um do outro.
Levando nossas conversas para a internet, sobretudo nas plataformas de redes sociais, contamos com inúmeras formas de se comunicar. Seja um emotion de carinha feliz, um simples OK para dizer que está tudo bem ou até mesmo uma imagem de um lindo nascer do sol acompanhada de um bom dia. Provavelmente, você já deve ter ignorado umas dessas imagens.
Com o desenvolvimento da Web, novos espaços para publicação de conteúdo e organização de comunidades são rapidamente criados. No ano passado, a pauta era o Metaverso. Hoje, os serviços baseados na inteligência artificial (IA), entre eles o ChatGPT, assumiram as rodas de conversa do setor, obrigando gigantes como o Google a correr atrás de um serviço similar para chamar de seu.
Tarefas que exigem certa capacidade cognitiva passaram a ser produzidas pelo serviço da OPENai, entre elas a produção de conteúdo. A profissão está no topo do ranking entre as mais afetadas pelos serviços de IA. O estudo foi desenvolvido pelo LABCOM – Laboratório de Convergência de Mídias (Maio,2023) com a ajuda do próprio do ChatTGPT. “Pedimos ao modelo de geração de linguagem usado no ChaTGPT para listar profissões, percentuais de impacto devido à popularização da inteligência artificial generativa e uma justificativa para cada número atribuído”, diz o LABCOM sobre a metodologia aplicada.
Textos jornalísticos, acadêmicos, posts para redes sociais, roteiro de filmes são tipos de conteúdos desenvolvidos rapidamente na plataforma. Essa visão, no entanto, pode ser bem limitadora, quando pensamos no funcionamento do serviço.
Para entender o ChatGPT
O serviço é baseado no que está disponível no mundo da internet. Quando o usuário pede algo, ele é capaz de analisar bases gigantes de dados para entregar informações completas. Quanto mais habilidade o usuário tiver para usar a ferramenta, melhor será o resultado.
Agora, vamos imaginar empresas do mesmo ramo coletando informações no ChatGPT para falar sobre o seu setor de atuação. Como resultado, podemos ter uma enxurrada de conteúdos repetidos ou similares e totalmente superficial.
Por mais que a internet tenha um imensurável número de dados, a inteligência artificial ainda não é capaz de filtrar no que está no offiline, ou seja, nas experiências e nos pensamentos intrínsecos.
Pela experiência como ghostwriter de executivos, observo que os conteúdos que mais engajam são aqueles que descrevem uma experiência ou sentimento vívido em determinada situação.
A recomendação também vale para as interações nas plataformas. Comentários feitos na base de control C + control V, famoso “copia e cola”, transformam qualquer ambiente em uma geladeira.
Pessoas gostam de pessoas e cada um tem um jeito diferente de pensar.Trabalhar a empatia é algo fundamental para preservamos as relações, independentemente do espaço no qual ela se constrói. Portanto, entender para quem se fala é o primeiro passo para construção do conteúdo.
O ChatGPT também erra
Hoje, os serviços oferecidos com base na IA surpreendem pelos resultados, mas assim como qualquer mecanismo são passíveis de erro. A matéria da BBC com o título “O que é ‘alucinação de inteligência artificial” mostra como o chatbot de inteligência artificial (IA), da empresa OpenAI, errou a data da coroação do rei Charles 3º.
Vale pensarmos na IA como ferramenta de apoio para encontrar informações, assim como qualquer serviço de busca.
O desenvolvimento do texto com toques humanizados e com a devida apuração, conforme os mais rigorosos e tradicionais manuais de redação, são habilidades fora do alcance de qualquer algoritmo.
Por isso, os produtores de conteúdo não vão desaparecer. Pelo contrário, serão os responsáveis por levar novas histórias para o universo da internet.
*Ricardo Nóbrega é mestre em comunicação pela Faculdade Cásper Líbero e consultor de comunicação pela Truly.
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